segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012: PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS




David dos Santos¹



Em ano eleitoral percebe-se o uso exagerado de um verbo que contém uma espécie de fetiche sedutor: prometer. Todos os candidatos se comprometem com o Povo, que por sua vez, vota por afinidade com o candidato ou no Partido Político de sua preferência. Ao assistir os programas dos candidatos à Prefeitura de Pelotas, podemos notar no slogan de suas campanhas, o uso de algumas expressões, tais como, “mudança”, “novo”, “diferente”, etc., com tantas denúncias de corrupção em nosso país, essa fórmula mostra-se bastante coerente, ou melhor, psicologicamente estratégica.

A política, de certa maneira, é o reino da fantasia, onde ocorre uma inversão da realidade e a manipulação de conceitos, que à primeira vista, nos parece familiar. Saúde, educação e emprego são os mais utilizados. Observamos que, nesse mundo fantasioso, criam-se personagens míticos, que irão resolver todos os nossos problemas, como numa espécie de conto de fadas, as barreiras que separam o concreto do abstrato simplesmente desaparecem, transformando a expectativa ou sonho das pessoas em uma ilusão, que deveras, terá pouca ou nenhuma chance de ser viabilizada.

A seguir, uma micro-análise sobre o discurso dos principais candidatos à Prefeitura de Pelotas:

Eduardo Leite (PSDB), o candidato foi chefe de gabinete do Prefeito Fetter Júnior (PP), posteriormente eleito vereador de Pelotas e tem apoio do mesmo para essa eleição. Seguindo esse raciocínio simples, como pode o candidato ser a “mudança” como afirma em seus programas, se conta com o apoio do atual governo? Além disso, utiliza um jingle muito pobre (meu nome é Eduardo Leite, mas pode me chamar de Eduardo), claro que a equipe de marketing percebeu a mancada e tentou remendá-la criando uma nova versão, associando o nome de pessoas que apóiam o candidato a adjetivos que as qualificam como honestas e dignas; melhorou, mas ainda assim mostra uma falta de criatividade, pelo menos, nesse aspecto. Possui boa aceitação do eleitorado feminino, mas não sabemos dizer se esse ‘casamento’ irá durar até a noite de ‘núpcias’.

Catarina Paladini (PSB) segundo candidato, sim candidato, que nessa análise se destaca pelo uso prolixo do verbo prometer. Assim como Eduardo Leite usa a idéia de “mudança” e utiliza como recurso de esperança a pouca idade que tem, como se isso fosse garantia de caráter e ética. Nesse âmbito, sublinhamos uma incoerência, quando o então deputado apoiou o governador do Estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) votando contra o piso salarial dos professores. O carisma do candidato é inferior ao do primeiro, isso se justifique talvez, por sua personalidade ainda em formação. De todos os candidatos é o que menos transmite confiança, pode até ser uma falsa impressão, mas de qualquer forma, o eleitor deve manter-se atento para que seu voto seja consciente.

Fernando Marroni (PT) que já governou a cidade de Pelotas é o terceiro candidato avaliado (a ordem decrescente estipulada aqui está associada à utilização do verbo prometer; mencionado anteriormente). Usou recursos do Programa Monumenta do Ministério da Cultura para restaurar o patrimônio arquitetônico de Pelotas, ainda naquele mandato podemos destacar, comparado ao atual governo, ruas mais limpas e iluminadas. Outro aspecto que notamos é que pelo menos esse candidato tem boa educação e costuma cumprimentar as pessoas, independente de suas ideologias políticas, diferentemente do atual Prefeito, que após assumir o cargo, parece ter contraído uma espécie de repulsa pelo povo em geral. Contudo, porém, o Partido dos Trabalhadores mostra-se bastante desgastado com a crise ética que vem ocorrendo no âmbito federal, desde o governo Lula, além de ter mudado sua posição ideológica para uma pseudo-esquerda.

Matteo Chiarelli (DEM) é o quarto candidato em destaque. Professor universitário de direito constitucional, advogado, mostra-se um homem convicto de sua posição ideológica. Em 2004 foi candidato a vice-prefeito de Pelotas na chapa de Gilberto Cunha (PSDB) e, em 2008 apoiou Fetter Júnior (PP) no segundo turno das eleições. Em sua propaganda política, afirma seu compromisso em asfaltar as ruas das vilas da nossa cidade (dessa vez então não será as ruas onde passam os carros dos ricos?), esquece ou talvez desconheça que no Brasil existem 34,5 milhões de pessoas sem esgoto em áreas urbanas. Muito provavelmente, esta proposta remeta-nos a própria mudança de nome do até então PFL para o atual DEM, de modo que isso se justifica: sendo o candidato oriundo de um curso secularmente freqüentado pelas elites da nossa região; demonstra a estrutura do pensamento das mesmas.

Jurandir Silva (PSOL) é o último candidato de nossa análise. Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Pelotas, adota uma postura ideológica e ética coerente com seu comportamento. O partido ao qual é afiliado não fez coligações, por isso, o tempo de dois minutos no horário eleitoral. De todos os atuais candidatos é o que menos fez promessas, talvez por ingenuidade, ou quem sabe por compreender que aqueles que muito falam, pouco fizeram por nossa cidade. Permanece ainda uma visão deturpada, de que seu partido seja composto por pessoas radicais, o que de certo modo, influencia a confiança na hora do voto por parte do eleitorado. Talvez se possa dizer, que a verdadeira ideologia de esquerda no Brasil, que um dia fora privilégio do Partido dos Trabalhadores, seja mais bem exemplificada hoje pelos integrantes do Partido Socialismo e Liberdade.

Ao final desse artigo, para a reflexão crítica dos eleitores e eleitoras, selecionamos o recorte de um texto do antropólogo italiano Eugênio Barba: “(...) num mundo onde os homens que nos rodeiam não acreditam mais em nada ou fingem acreditar para ficarem tranqüilos, aquele que esmiúça dentro dele mesmo para se colocar questões sobre sua condição, sobre sua falta de ideais, sobre sua necessidade de vida espiritual, é tomado por um fanático ou por um ingênuo. Num mundo onde trapacear é a norma em vigor, aquele que procura a sua verdade é tomado por hipócrita.”.


¹Atualmente é aluno bolsista do curso de graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Pelotas. Pesquisa temas sobre filosofia, religião, política, sociologia, antropologia e direito.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

É preciso amar...


Idolatramos os idiotas. Comemos muitas gorduras e bebemos cerveja, hábitos importados de uma cultura industrializada, capitalista, que promove absurdos sociais; 
Compartilhamos ideologias medíocres, pensamentos inúteis, sentimentos vazios; 
Vivemos de aparências, usamos sapatos apertados, roupas desconfortáveis, falsos perfumes, falsas memórias; 
Fingimos o tempo todo ou quase, tentando se adequar às regras estabelecidas por esse sistema sujo, que aniquila corpos, dilacera corações e fragmenta nossas mentes; 
Achamos que sabemos o que é amar, tolos de nós, que mal aprendemos a falar, com tanto egoísmo e solidão, o mais provável é que sejamos hipócritas ou sínicos; 
Admiramos os imbecis. Pessoas que vivem da estupidez, do descaso, da falta do que fazer, da miséria de pensamento, do fútil e do inútil, da herança e da maldade; 
Educação e ética. Dois conceitos fundamentais banidos do dicionário na pós-modernidade, para tal, usa-se o recurso de salientar que ser correto é para os fracos e oprimidos, ou mais ainda, que se agirmos de forma honesta, seremos nós a isca; 
Quem criou esse mundo não pensou nas conseqüências, tenha sido Zeus ou o acaso, os culpo de falta de planejamento, porque o que vemos hoje é o caos inversamente proporcional à beleza da vida, das formas, da essência; 
Estamos ausentes com nossos filhos, com nossos pais, com nossa geração e com nós mesmos, abandonamos um a um, para obtermos status social, que em si, consiste em ter, comprar, gastar, usar, etc., mas isso não é tudo, somente parte do mundo que vejo e reproduzo todos os dias de minha vida;
Sim, eu também faço parte disso. A culpa não é do outro, mas de todos. Eu podia ser diferente, não ter tanta dor e tanto medo, mas existe alguma força, que estrategicamente, onipresente, acaba com todo meu otimismo;
Por fim, estabeleço todas as formas de intervir no processo, resumindo-as numa só: amar. O mundo precisa de amor, pode até ser clichê, mas o que não é hoje em dia?

domingo, 1 de janeiro de 2012

Uma outra perspectiva sobre a evolução dos seres vivos


O amor mal aproveitado resulta em sérios problemas psicológicos, de certa forma, “amar e não ser amado” é a primeira sensação de impotência diante de nossas vidas. Você constrói uma expectativa em relação ao outro, que não corresponde à realidade fática. Na época em que acreditávamos no amor, a vida era mais bonita. Então desejamos com todas as nossas forças encontrar alguém que caiba na nossa pequena caixa de sentimentos. Aqueles versos apaixonados, agora são apenas lembranças vazias... As pessoas se comportam tão distintamente, o que me intriga nisso tudo, é que, de fato, o amor é algo que encontramos em todos os planos de vida humana.

O amor antecede o raciocínio lógico, ou seja, os sentidos surgiram antes da razão.

Se minha perspectiva estiver correta, a condição humana não pode ser mais avaliada pela constante “pensamento”, mas também pela constante “percepção”. Num dado momento, um misto complexo de relevância possível entre, o logos racional, a percepção e os sentimentos (afeto, amor, cuidado) passaram a funcionar concomitantemente. Aqui surgiu o Homem, ainda em estágio animal, mas percebendo, cuidando e adquirindo a capacidade de raciocínio lógico.

Vejamos então os cães como exemplo. Essas criaturas possuem uma percepção sobre a realidade em seu entorno, de certa maneira, comunicam-se conosco, mas de forma rudimentar, sem expressão verbal, mas com gestos e postura corporal. Encontramos ainda no instinto animal, formas de afeto, quando a mãe protege os filhotes do perigo. Creio, que mais alguns séculos adiante, essas criaturas estarão se comunicando conosco, ainda não em linguagem, mas respondendo perguntas, alternando entre sim e não.

Tal fato é para minha teoria, a base da estruturação do elo nunca encontrado, na verdade, minha teoria propõe a comunicabilidade entre os seres vivos, em diferentes estágios, sendo que, a humanidade se encontra em adiantado estágio, no qual, outros serão, tais como os cães, devem passar um dia.

A evolução existe. Indeterminada. Para ambos os lados. Para o bem e para o mal. Somos animais num estágio avançado de natureza, mas nossas condutas, às vezes, nos faz refletir, sobre “quais condições numa escala de milhões de anos, fizeram com que chegássemos até aqui”. Além disso, destaco que estamos vivendo um período de experimentação, onde o medo imposto por doutrinas e religiões está sendo deixado de lado para vivenciar todos os limites que nossos corpos e mentes podem produzir, de bom e de ruim.